quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A pressao da Rio Tinto ao Governo de Guebuza



Não tenho capacidade para avaliar as perdas que a segunda maior empresa mineira anunciou ter tido em Moçambique na exploração de carvão mineral, em cerca de 2,250 mil milhoes de dólares, mas fiquei com algumas pulgas atrás da oorelha.

A empresa anglo-australiana apresentou basicamente dois argumentos: existência de mais quantidades de carvão térmico do que carvao coque, este último o mais desejado, e também a falta de infraestruturas para o escoamento do produto. É neste segundo ponto que algo não bate certo...

Ora vejamos, só duas empresas exploram carvão na província de Tete, a Vale e a Rio Tinto. A primeira depois de uma odisseia, já consegue escoar o produto usando o corredor da Beira até o porto da Beira. E mais, vai dominar as movimentacoes do porto de Nacala, através do corredor de Nacala, onde tem participação através da empresa que a gere. Ou seja, no que se refere a infraestruturas está tudo tranquilo, e não se põe em causa a qualidade do produto. A boca pequena se diz que a empresa que gere o corredor de norte, tem participação de importantes figuras da elite política moçambicana. Ainda hoje li uma notícia sobre o Corredor de Nacala: http://opais.co.mz/index.php/economia/38-economia/24106-corredor-de-nacala-pronto-no-segundo-semestre-de-2014.html
E o que resta a Rio Tinto? A empresa até tentou pensar em usar o rio Zambeze para escoar o seu carvão, mas teve a mesma resposta que o Malawi: o rio não e navegável, segundo um estudo de viabilidade. Mesmo que tenha o desejado carvão coque de que lhe valeria isso se fica empatado?
Isto leva-me a suspeitar que o anúncio da Rio Tinto tem também por objectivo pressionar o Governo moçambicano a cumprir com as suas obrigacoes: criar infraestruturas ou pelo menos facilitar a existência delas, se considerarmos os investimentos avultados feito pela empresa. Também me parece que pressiona a suposta elite política empresária a ser menos parcial no uso do seu "tráfico de influencia". Ao que tudo indica exigem "direitos iguais"... Nao sei se por motivo éticos, ou comericias...

Surge agora uma questão: o que fala mais alto, os interesses nacionais ou os interesses individuais dos políticos empresários moçambicanos? Já o saberemos no desfecho desse caso. Mas também não me surpreenderia se mais algum político influente se associasse a Rio Tinto numa empresa gestora de mais um corredor ou plataforma de escoamento de mercadorias... Muita água ainda vai correr nesse rio...


Leia e escute mais em: http://www.dw.de/descalabro-nas-contas-da-rio-tinto-causa-consterna%C3%A7%C3%A3o-em-mo%C3%A7ambique/a-16545320

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