segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Governo moçambicano vai confrontar dados da Rio Tinto

Depois da Rio Tinto ter anunciado em janeiro passado perdas de 2,250 mil milhões na exploração de carvão mineral em Moçambique, o Governo moçambicano diz que espera agora pelos resultados que confirmam a baixa de qualidade das reservas para depois fazer a sua própria pesquisa e confrontação. A DW conversou com o director nacional adjunto de minas, do Ministério dos Recursos Minerais, Obed Matine, no passado dia 22.


Nádia Issufo: O que o Ministério dos Recursos Minerais tem a dizer sobre o anúncio da Rio Tinto?

Obed Matine: A Rio Tinto fala de perdas por imparidade que derivam de duas situações: primeiro ligada ao alumínio e segundo ligada ao projecto de carvão em Moçambique. E em relação ao último caso, abordam-no de duas formas, primeiro está relacionado com um processo dinâmico de avaliação das reservas e da qualidade do carvão, um processo normal feito periodicamente. E acontece que na sua última avaliação verificaram que, em princípio, as reservas estão abaixo do que estimavam inicialmente, e por outro lado há mais percentagem de carvão térmico irrecuperável, e que a percentagem do  carvão coque nas suas áreas é baixa. Por outro lado a questão ligada as infraestruturas e logística faz com que o tempo que esperavam para ter o retorno dos investimentos, vai ser mais longo do que o que previam, e por isso declararam as perdas por imparidade.

NI:  E não foi possível constatar isso logo no inicio?

OM: O estudo geológico tem varias fases, numa primeira fase não se tem todas as informações. Só num segunda fase, quanto mais se realizam estudos de detalhes se tem mais informações.

NI: Entretanto a Rio Tinto pondera vender a sua participação em Benga, em Tete. A acontecer isso o que pode significar para o sector mineiro moçambicano a saída de uma renomada empresa com a Rio Tinto?

OM: Não tenho conhecimento da pretensão da Rio Tinto, depende da estratégia que ela quer adoptar. O que nós estamos a fazer como Governo, é encontrar soluções, com vários parceiros, para que os empreendimentos, os investimentos tenham retorno, criando infraestruturas logísticas para a exportação do carvão. E há várias linhas desenhadas para esse efeito.

NI: A existência de infraestruturas é da responsabilidade apenas do Governo?

OM: As linhas férreas e os portos são da responsabilidade do Governo, mas o seu desenvolvimento pode ser feito através de parcerias público-privadas. As empresas são chamadas, o Estado delimita as linhas, dá as balizas, e a parceria público-privada no desenvolvimento das infraestruturas.

NI: Sei que a Rio Tinto projectou a exportação de carvão pelo rio Zambeze. O que impediu que o projecto andasse?

OM: Os estudos de impacto ambiental não aconselharam.

NI: O que vai fazer o Governo agora?

OM: Agora procuramos saber o que leva a essa situação, quais são as razões de facto. Então estamos a espera do relatório global do detalhe do calculo de reservas, a avaliação que eles fizeram nos últimos tempos, e nessa altura faremos a nossa própria avaliação.




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